Alimentação e Síndrome do Ovário Policístico: como a dieta auxilia?

A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma das condições endócrinas mais comuns que surgem em cerca de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. A SOP gera diversos sintomas desconfortáveis e também cria uma barreira que muitas mulheres almejam: engravidar. Nesse contexto, a relação da alimentação e síndrome do ovário policístico torna-se um fator importante para prevenção e tratamento desta patologia.

Isso porque a alimentação influencia em diversos fatores, desde a produção e o metabolismo dos hormônios, o peso corporal e até a fertilidade. Uma dieta para as manifestações da SOP, por exemplo, ajuda a minimizar os seus sintomas e aumenta as chances de gravidez nas mulheres com essa condição.

Neste artigo, vamos comentar tudo sobre a relação entre a alimentação e síndrome do ovário policístico. Além disso, explicaremos como os nutricionistas podem planejar uma dieta equilibrada para fazer a diferença no tratamento e na melhoria da fertilidade em suas pacientes. Vamos lá?

O que é síndrome do ovário policístico?

A síndrome do ovário policístico (SOP) é um distúrbio hormonal que afeta o funcionamento dos ovários, os quais são responsáveis pela produção de óvulos e hormônios sexuais femininos. Os ovários são formados por diversos folículos, sendo que alguns deles se rompem e são liberados dos óvulos a cada ciclo menstrual. Desse modo, podem ser fecundados pelos espermatozóides e gerar a gravidez.

Porém, nas mulheres com SOP, os folículos não são liberados e ficam acumulados nos ovários, formando cistos. Essas pequenas partículas alteram a produção e o equilíbrio de estrogênio e progesterona, podendo aumentar  hormônios masculinos, como a testosterona. 

Essa alteração gera diversos sintomas, incluindo a dificuldade para engravidar. Geralmente, mulheres entre 15 e 40 anos podem conter essa desordem no organismo. 

Os quatro fenótipos da SOP e suas especificações

Antes de saber mais sobre a relação da alimentação e síndrome do ovário policístico, é essencial entender os fenótipos da SOP. Eles são classificações baseadas em sintomas e características clínicas e bioquímicas, sendo que os critérios mais utilizados derivam do Rotterdam, divididos em quatro fenótipos. Veja:

1. Anovulação, Hiperandrogenismo e Ovários Policísticos

É o fenótipo mais comum da SOP, que inclui anovulação ou oligoovulação com menstruações irregulares, hiperandrogenismo e a presença de ovários policísticos. As mulheres que contam com esse fenótipo apresentam uma grande concentração de hormônios masculinos, causando sintomas mais severos.

2. Anovulação e Hiperandrogenismo

Essa condição representa as mulheres que contém disfunção ovulatória e hormonal, mas não possuem presença de ovários micropolicísticos. Isso significa que elas podem ter sintomas semelhantes ao primeiro grupo, mas sem as características ovarianas policísticas. 

3. Hiperandrogenismo e Ovários Policísticos

São o grupo de mulheres que têm sinais de disfunção hormonal e cistos nos ovários, mas que ovulam regularmente. Por mais que elas não enfrentem grandes dificuldades de fertilidade, essas mulheres podem ter outros sintomas da SOP.

4. Anovulação e Ovários Policísticos

Esse fenótipo caracteriza-se por conter anovulação e presença de cistos, porém sem apresentar excesso de hormônios masculinos. Mulheres com esse fenótipo têm dificuldades em relação à fertilidade, mas não apresentam com tanta evidência os outros sintomas da SOP, como acne.

Quais são os sintomas da SOP?

Além das informações anteriores, para compreender a relação da alimentação e síndrome do ovário policístico, é imprescindível identificar os principais sintomas dessa condição hormonal. Vale lembrar que os sintomas variam de mulher para mulher, sendo que os mais comuns são:

Menstruação irregular

É uma das queixas mais frequentes em mulheres com SOP. A menstruação irregular pode se manifestar de várias formas, tais como: amenorreia (ciclo menstrual ausente), oligomenorreia (ciclo menstrual irregular) e menorragia (ciclo menstrual excessivo). Isso acontece devido ao acúmulo de cistos nos ovários e também pelo desequilíbrio hormonal. 

Hirsutismo

Devido ao hiperandrogenismo, as mulheres com esse distúrbio sofrem com o surgimento de pelos em locais incomuns e indesejados, como no rosto, no peito, ao redor dos mamilos, no abdômen e nas costas. 

Obesidade

Cerca de 40% a 60% das mulheres com SOP apresentam excesso de peso ou obesidade. Uma circunferência abdominal acima de 88cm pode gerar um maior risco de problemas cardíacos. E esse fator surge devido à resistência à insulina, favorecendo o acúmulo de gordura no organismo.

Acne

O excesso de hormônios masculinos também estimula a produção de sebo por meio das glândulas sebáceas da pele, surgindo cravos e espinhas no rosto, nas costas e no peito. 

Alopécia

É a queda de cabelo semelhante ao padrão masculino. Isso significa que as mulheres com SOP podem sofrer com a diminuição do volume e da densidade de fios, sofrendo com ausência de cabelos na parte frontal, originando a calvície.

Infertilidade

A anovulação ou a ovulação irregular dificultam a gravidez, pois reduzem a liberação do óvulo a ser fecundado pelos espermatozóides. Cerca de 70% das mulheres com SOP possuem infertilidade.

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Todos esses sintomas podem surgir durante a adolescência ou na vida adulta, variando de intensidade e frequência ao longo do tempo de acordo com a idade, peso e estilo de vida. 

A relação entre alimentação e síndrome do ovário policístico

A alimentação desempenha um papel importante na saúde e no bem-estar das mulheres com SOP. O principal motivo disso é porque a alimentação influencia diretamente na produção e no metabolismo dos hormônios, na resistência à insulina, na inflamação, no peso corporal e também na fertilidade.

Desse modo, uma dieta desequilibrada pode desencadear um ou mais sintomas, enquanto uma dieta prescrita, adequadamente, para mulheres com SOP ajuda a aliviar os sinais negativos. Por conta disso, é essencial que mulheres com esse distúrbio procurem os profissionais da nutrição para ter acesso a uma dieta personalizada e de acordo com os sintomas apresentados.

Alimentos para síndrome do ovário policístico: os melhores e os piores

Existem diversos alimentos que são possíveis de receitar para pacientes com SOP e outros que devem ser evitados ao máximo. Confira a lista dos melhores e os piores alimentos:

Os melhores alimentos para SOP

  • Proteínas magras: ovos, frango, peixe e tofu;
  • Alimentos ricos em magnésio: banana, abacate e castanha-do-pará;
  • Grãos integrais: aveia, quinoa e arroz integral;
  • Alimentos ricos em ácido fólico: couve, espinafre e feijão;
  • Alimentos probióticos: iogurte natural e kefir;
  • Alimentos ricos em vitamina C: laranja, acerola, limão e kiwi.

Os piores alimentos para SOP

  • Alimentos gorduras saturadas e trans: bacon, carnes gordas, manteiga e margarina;
  • Alimentos ricos em sódio: sal de cozinha e molho de soja;
  • Alimentos ricos em glúten: trigo e derivados;
  • Alergênicos ou intolerantes: leite e derivados.

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Como receitar uma dieta para pacientes com SOP e sintomas de infertilidade?

Não existe uma dieta totalmente específica para mulheres com SOP. Cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em conta diversos fatores, como os fenótipos, os sintomas, o estilo de vida, os objetivos futuros e todas as necessidades nutricionais que cada paciente apresenta.

Porém, existem algumas recomendações indicadas para melhorar a saúde e as chances de fertilidade. Veja:

  • Consumo de alimentos ricos em fibras, com o objetivo de regular o trânsito intestinal, aumentar a saciedade, controlar os níveis de glicose e colesterol e auxiliar no equilíbrio hormonal;
  • Redução do consumo de alimentos refinados e processados, pois são escassos de nutrientes e ricos em gorduras saturadas, trans, açúcares e sal, aumentando os níveis de insulina e glicose no sangue, além da inflamação;
  • Inclusão de alimentos fontes de ômega-3, pois ajudam diretamente na saúde cardiovascular, cerebral e reprodutiva;
  • Controle no consumo de carboidratos, especialmente porque estimulam a produção de andrógenos e prejudicam a ovulação e a fertilidade;
  • Consumo de alimentos antioxidantes, principalmente porque são substâncias que protegem as células do organismo contra radicais livres.

Indo além da alimentação e síndrome do ovário policístico

Embora a nutrição seja um pilar extremamente importante para o tratamento da SOP, o exercício físico também desempenha um papel crucial no manejo do distúrbio. Por isso, você, nutricionista, deve ter consciência de indicar boas atividades físicas para suas pacientes e comentar sobre os principais benefícios.

Algumas das atividades mais recomendadas são: aeróbico (corrida, ciclismo e natação), treino de resistência (levantamento de peso) e exercícios de flexibilidade (yoga e alongamento).

Eles são ótimos para melhorar a composição corporal, regular a sensibilidade à insulina, oferecer maior equilíbrio hormonal, auxiliar na saúde cardiovascular e na saúde mental. 

Viu como a alimentação e síndrome do ovário policístico andam juntas? A abordagem nutricional bem planejada pode fazer a diferença no tratamento do distúrbio, especialmente para as mulheres que têm o sonho de engravidar. 

Todo nutricionista que deseja se especializar no nicho de nutrição e fertilidade deve entender essas características, pois desse modo consegue orientar com mais facilidade os pacientes através de uma dieta que alivia os sintomas da SOP e melhora as chances de gravidez.

Além disso, é essencial ir além da nutrição e buscar orientar toda paciente sobre a importância da prática de atividades físicas durante o tratamento da SOP.

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